quarta-feira, 8 de julho de 2009

Na fila para ver Gay Talese


Eu odeio filas. Não gosto de permanecer longos períodos em pé e parada no mesmo lugar. Fico impaciente com as conversas fiadas e com os mal educados que teimam em furar a ordem. Mas ontem (07/07) não teve outro jeito. Fiquei mais de 01h30 numa fila no Masp - Museu de Arte de São Paulo e teria passado mais tempo, caso fosse necessário. Tudo para ver Gay Talese. E eu o vi. Não só vi, mas desfrutei de uma conversar que durou cerca de duas horas. O escritor falou sobre sua vida, livros e, claro, sobre o jornalismo.


Alguns pensamentos que me interessaram:


- “Os jornalistas perderam a capacidade de criticar o poder, porque têm uma espécie de vinculo social com o poder. Os repórteres hoje têm melhor vocabulário do que os da minha época, conhecem gente mais importante, mas fracassam na sua missão: transmitir a verdade, independente de quem esteja no poder”.


- “O verdadeiro jornalismo é a verdade tanto quanto se poderá checar a verdade. Mas também é uma prosa bem escrita”.


- "A não-ficção deve ser tão bem escrita quanto a literatura. A diferença é que o escritor de não-ficção não está imaginando".


- Segundo ele, o segredo do bom texto está em “passar as imagens através de arranjos de palavras”. Talese contou que, em geral, trabalha com começos cênicos em seus textos. “Descrevo alguém fazendo algo, de modo que o leitor veja o que eu vi. O rosto, roupa, ação, dialogo”.


- “Nunca inventei uma história. Sou um jornalista. Uma testemunha de histórias”.


- “O jornalista é impulsionado pela curiosidade. E isso não se ensina nas escolas de jornalismo. Mas a curiosidade sozinha não basta. É necessário ter capacidade de levar a cabo essa curiosidade, por meio de perguntas”.


- “Eu sempre quis ver pessoas interessantes e não necessariamente as pessoas importantes. Sempre me senti um novato em relação a tudo. Sempre olhei as coisas a minha volta como alguém de fora”.


- Antes de escrever um texto, deve-se pensar em como contar a história. Para o escritor, “pensar nisso é fundamental para deixar o texto o mais claro e lírico possível. Não usar palavras desnecessárias. Buscar-se a poesia e a simplicidade”.


- “A informação é a matéria-prima do jornalista. O importante é redigir os fatos de forma correta. Buscar 100% de precisão”.


- “Ainda há valor no jornalismo honesto e interessante de se ler”.


A palestra foi promovida pela revista Piauí, em parceria com a revista Serrote, o jornal O Globo e a editora Companhia das Letras. Foi por Ilan Kow, editor-executivo do jornal O Estado de S. Paulo.

4 comentários:

  1. Ai que invejinha! Gravou tudo pra mim? hahahah

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  2. Luana, muito bom! Gostei da apresentação e das informações. Continuo torcendo e rezando por você. Você nasceu para ser jornalista, com certeza.
    Um abração.
    Tasso.

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  3. - Segundo ele, o segredo do bom texto está em “passar as imagens através de arranjos de palavras”. Talese contou que, em geral, trabalha com começos cênicos em seus textos. “Descrevo alguém fazendo algo, de modo que o leitor veja o que eu vi. O rosto, roupa, ação, dialogo”.

    Gostei muito disso! Ele é dos meus ^^

    Tô gostando de ver vc aqui,viu?
    Bjoks

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